segunda-feira, 4 de novembro de 2013

SONHOS LOUCOS III - WOLVERINE.


          Estava no quarto do meu irmão Marcos, escutando música (o único lugar do apartamento onde havia aparelho de som).  O lugar estava uma zona (que por sinal eu que tinha aprontado). Muitos livros e revistas espalhados pelo chão. Perto do som, uma montanha de fitas cassetes e LPs . Ao lado da cama solteirão coberta com um edredon amarelo limão e almofadas bege, havia sacolas de compras feitas no shopping no dia anterior. Foi então que ele chegou.
          - Porra ! Que merda de zona é essa no meu quarto ! Dá o fora, preciso sair!
          - Pra onde?
          - Vou na Escola de Música resolver umas coisas.
          - Também vou.
          - Tenho mais o que fazer do que ficar te pageando !
          - FODA-SE , vou onde eu quiser !
Pegamos o ônibus e descemos na Rodoviária (nada a ver rodoviária com escola de música). Enquato Marcos entrava numa banca de revistas, fiquei do lado de fora comendo mosca (termo usado para descrever alguém que não está pensando em nada) . Então resolvi fazer uma ligação no meu celular e descobri que o mesmo não estava funcionando, e não era só bateria. O aparelho havia estragado.
            -Vamos, já estou atrasado - Falou Marcos saindo da banca.
             Agora eu estava esperando meu irmão no que parecia ser a Escola de Música de Brasília. Ele estava resolvendo um assunto na secretaria. e eu fiquei do lado de fora. Então resolvi dar uma volta pela escola (pra passar o tempo). Engraçado, ela não era e Escola de Música que eu conhecia, era mais uma mistura de UNB com Escola de Música e GISNO. Um verdadeiro labirinto, fácil de se perder. E foi exatamente isto que aconteceu. Numa dessas voltas, não conseguia mais encontrar o caminho que dava na secretaria. Fiquei rodando, rodando. . . Via vários alunos (e alunas), alguns bem novos, outros em torno dos 20 anos. Na escola estavam alguns amigos meus (acho que estudavam lá). Eu estava com a bateria do celular na mão, procurando uma lata de lixo para descartá-la (eu nunca jogo coisas no chão, falta de educação), mas não achava. Sempre que eu chegava perto de uma, ela se transformava em um jarro, e eu não posso jogar baterias em jarros, faz mal para as plantas.
           Já estava agoniado, perdido na escola e com uma bateria de celular na mão. De repente senti alguém puxar a gola da minha camisa, virei pra trás e vi que era um dos amigos meus que estudavam  lá. Era Irineu, um dos cinco que falam comigo na faculdade. Ele estava com os outros : José, Matheus, Flávio e Marconi. Irineu falou chorando:
           - Cara, não fique assim! Você vai sair dessa. . .Eu tenho certeza.
            A fala de Irineu veio seguida de lamentos  e mensagens de solidariedade dos outros quatro amigos que foram andando em direção à saída da escola. Curiosamente eles não me mostraram o caminho da secretaria.
            A noite estava chegando e eu continuava perdido e sem achar o meu irmão. Resolvi sair da escola. Comecei a andar pelos arredores da rodoviária e do Conjunto Nacional. Eu era agora um andarilho perdido.
           À noite , a área do viaduto do Buraco do tatu, próximo a rodoviária, era uma espécie de praça, onde ficavam pessoas sentadas no chão bebendo, outras dentro do carro. Não eram mendigos, e sim "pessoas da sociedade" a procura de diversão. Bem longe daquele movimento, próximo aos estacionamentos eu observava o horizonte à procura de Marcos. Então avistei ao longe uma criatura correndo feito um louco em alta velocidade. Era um cara atarracado, bem forte, cabelo meio grande. O estranho era que corria hora ereto, hora como se fosse um cachorro. Que diabos era aquilo!
           De repente, num ímpeto involuntário, saí correndo também em direção àquela coisa. Porém antes de chegar na plataforma onde o animal estava , eu não era mais eu, e sim a criatura! Eu estava muito forte! De calça jeans e sem camisa, corria como se daquilo dependesse minha vida. Mas aquela correria não era a toa, eu estava a procura de um celular pra ligar para o meu irmão. Por onde eu passava ouvia pessoas comentando :
           - Meu Deus! O que é aquilo? 
            Então entrei em um prédio e corri por um  longo corredor de metal em forma de rampa . Eu era muito pesado,  pois balançava a estrutura do caminho enquanto corria feito um bicho. Algumas pessoas gritavam :
            - Pega essa fera! -
             Foi quando me deparei com algo no chão. Era um celular. chegara o  momento. Finalmente iria entrar em contato com Marcos e sair daquele inferno, não fosse a figura de um grandalhão de dois metros de altura que aparecera em minha frente. Era o porteiro do local.
            -Deixa isso aí rapaz, não é seu. - Ele falou.
            Saí correndo  com o celular. O grandalhão era confiante, pois veio atrás de mim. O homem era louco. Então me virei.
             - Quer brigar por causa de um celular, seu bosta !
            Não esperei a resposta, e saltei em cima dele como uma fera, estraçalhando seu rosto e atirando-o contra uma parede de vidro. O infeliz caiu no asfalto de uma altura de três andares.
             Abri o celular (ele era de flip) e digitei o número do meu irmão. Caiu na caixa de mensagem. Em um ataque de fúria, trespassei o celular com minhas garras de adamantium e soltei uma gargalhada. DESGRAÇAAAA!!!!! HAUHAUHAUHAUHAU!!!!!!!!
             Não sabia mais o que fazer, então me deitei. Aquele maldito lugar estava repleto de muriçocas famintas. Foi então que acordei e fui beber água.




AUTORIA ; JULIO CESAR V. C. BRITO
Este obra foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil.
     
Licença Creative Commons
          

Nenhum comentário:

Postar um comentário